sábado, 11 de dezembro de 2010

Palavras vazias, sentimentos escassos

Nunca soube expressar sentimentos com palavras, apenas inventar historias, supor coisas, fazer frases cantadas, harmonizar um texto, mas não expressar sentimentos, na verdade, nunca soube expressa-los de maneira alguma, sempre os mantive presos e quietos, e até que é bom, tentar viver como uma pessoa vazia que não pode ser magoada.
Mas há aqueles dias em que eles não se calam, aqueles dias em que querem sair de qualquer forma, aquelas dias em que preciso agarrar a um travesseiro e esmurra-lo com toda a minha força, quando não me aguento sobre minhas próprias pernas a caminho da escola, quando me sento no chuveiro e choro, e o barulho de minha dor é varrido pelo barulho do chuveiro e minhas lágrimas se misturam com as gotas e vão em direcção ao bueiro.
Nessas horas eu me sinto flutuando, parece que voltei a ser aquela criança de sete anos que não conseguia dormir durante a noite, que tinha medo e passeava pela casa com uma lanterna enquanto todos dormiam, que se sentava na cozinha esperando alguém acordar, que deitava na porta do quarto da mãe com a esperança que ela levantasse e me pusesse na cama, que, tinha medo de ser abandonada por todos, parece que voltei á aquela época de medos injustificaveis. Mas talvez eu não tenha crescido, talvez eu ainda seja aquela criança sonâmbula, talvez tudo seja aquela eterna insónia.

Eu prometi que postaria este texto, mesmo não gostando dele, mesmo sabendo que ele não faz sentido, e eu avisei, não sei expressar sentimentos, apenas palavras vazias.